Já é nossa conhecida a D. Mariana Joaquina. A sua apresentação aos leitores ocorreu na p. passada semana, quando se fez a transcrição do registro do casamento do Dr. Ant.o de Almeida, em
que ela entra em cena a receber por palavras de presente o referido médico do partido de Penafiel.
que ela entra em cena a receber por palavras de presente o referido médico do partido de Penafiel.
Lá está, como se viu, o seu fidalgo nome, por inteiro; D. Marianna Joaquina Pereira Bessa Velozo de Barboza e
Almeida. Formoso nome, sem dúvida, de ritmo harmonioso, muito ao sabor do séc. XVIII.
Almeida. Formoso nome, sem dúvida, de ritmo harmonioso, muito ao sabor do séc. XVIII.
Há quem embirre seriamente com os extensos nomes antigos, ainda que genuínos e bem sonantes a ouvidos exigentes. Será uma questão de alergia... Por mim, permito-me dizer que não sofro desses inferiorizantes complexos — conquanto possua um nome retintamente plebeu. Mas já agora peço vénia para confessar aqui, muito à puridade, certas intimidades minhas, aliás, deveras inocentas. Dá-se o caso que, de tamanino, fora sempre um enamorado dos áridos nobiliários e das ressequidas árvores genealógicas. Até mesmo no verdor dos anos (será crível?), não me enfadaram demais o pó irritante e o activo odor característico dos revelhos manuscritos, de folhas e letras amarelecidas por acção do tempo.
- Pobre Monaquino, a muito te abrigas por amor das velharias! Para quê tanto padecer? E depois é que hão-de julgar que será um processo habilidoso de te singularizares, ou como diz o povo, de dar nas vistas...
- Não importa tal juízo dos homens, porque em verdade quem se propuser indagar alguma coisa de novo, passada nos tempos idos — a bem do enriquecimento do seu espírito e sem desvantagem para outrem — terá que ser e fazer mais ou menos assim. E tantas coisas há por descobrir, tantos aspectos inéditos a focar, dentro da história em geral, sem falar na antroponímia, etnografia e etnologia, respeitantes à gente das nossas terras...
- Bonita perlenga, não haja dúvida! A verdade é que te havias de esquecer com isso de prestar a atenção devida à D. Mariana Joaquina.
— Como Dona que é, há-de saber desculpar, e ora prometo ser mui atento venerador de sua Senhoria.
Mariana Joaquina foi nada e criada em Penafiel, na rua das Chans, onde moraram seus pais, - o Dr. Francisco José Pereira Monteiro e sua mulher Dona Anna Joaquina Bessa V. de Barboza. Nasceu a 28-11-1771 e baptizou-se na igreja Matriz a 9 de Dez. o do mesmo ano. Foi seu padrinho o Capitão Carlos Ferreira Grelho (os Grelhos de Penafiel já me consumiram a paciência, noutros tempos), natural da mesma rua, então assistente na sua Quinta da Ermida, em S. Maria de Coreixas, hoje freg.a extinta. O assento de baptismo de Mariana encontra-se no L.° 2 de Bapt.os de S. Mart.o de Penafiel, fls. 270 v..
D. Mariana Joaquina teve pelo menos dois irmãos, chamados António e Francisco. Em nota concisa dum artigo de Penafiel (n.° 1-2.o s.-p. 19-1963), vem uma referência aos dois. Conforme aí se lê, o irmão António foi religioso beneditino, com o nome de Fr. Ant.° dos Serafins, em cuja presença se receberão o Dr. Ant.º de Almeida e D. Mariana Joaq.ª.
Quanto ao irmão Francisco, diz o autor do citado artigo, emigrou para o Brasil, onde casou com geração. A ele, e à
sua descendência ilustre, hei-de referir-me ainda outra vez, proximamente.
sua descendência ilustre, hei-de referir-me ainda outra vez, proximamente.
São horas de me despedir. À Senhora de Barboza e Almeida e seu Ex.mo Marido, os meus sinceros respeitos.
MONAQUINO
In jornal Notícias de Penafiel, 1970-11-27, p.06
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